Mestrado-Doutorado

Mestrado ou Doutorado na EEFE USP sob a Supervisão do Prof. Luciano Basso: Considerações para a preparação 

Se você procura um local com a intenção de ampliar sua formação/conhecimento relacionada à pesquisa científica no âmbito ao Comportamento Motor (terrestre ou aquático) e/ou Desenvolvimento de Programas de Educação Física/Esporte voltados à infância e adolescência, peço que leia atentamente as considerações abaixo.

Eu oriento tanto no Mestrado quanto no Doutorado da EEFEUSP – oficialmente na área de concentração intitulada “Estudos Socioculturais e Comportamentais da Educação Física e Esporte”, dentro de duas linhas de pesquisa: 1. Organização da resposta motora e aquisição de habilidades motoras; 2. Análise e diagnóstico do desenvolvimento motor, e ocasionalmente na linha de estudo: 3. Desenvolvimento de programas de educação física.

De forma geral, nas três linhas concentro minha orientação na área de Comportamento Motor focando tanto na aquisição e desenvolvimento quanto no efeito de programas de educação física na  habilidades motoras básicas (tanto terrestres quanto aquáticas). Também aceito alunos e profissionais para estágio em pesquisa sem vínculo direto com a pós-graduação. Atualmente, há vários profissionais envolvidos em projetos sem estar no pós-graduação.

Entendo que você pode estar procurando um laboratório-grupo de estudo para estudar oficialmente e realizar seu Mestrado/Doutorado, ou apenas um lugar para realizar um Estágio de Pesquisa. As duas condições são possíveis de serem realizadas comigo no LACOM. Por que essa diferenciação? Muitos profissionais acreditam que é o mestrado que lhe permitirá entender melhor o conhecimento científico e o seu uso para ampliar os seus serviços profissionais. No entanto, não é uma necessidade realizar o mestrado para entender melhor “os últimos conhecimentos” da ciência e como são construídos, entendo que se pode acompanhar um laboratório de pesquisa – realizando estágio – e aprimorar seu conhecimento, sem se submeter ao processo de Mestrado e Doutorado.

Vale destacar que no Mestrado e Doutorado o objetivo é voltado a formação profissional para atuar com a construção do conhecimento e capacitação para lecionar no ensino superior.  Vale lembrar que a maior demanda por mestres e doutores é na universidade – pois como diz o ditado: – Em Universidade que não se pesquisa, não se ensina. Assim, a condição básica para quem quer “ser professor universitário” é a obtenção de mestrado e doutorado. E aqui é que a formação científica pode tornar-se bastante precária: Profissionais buscam o Mestrado/Doutorado como um produto pronto e encontram orientadores que assim “entregam”, com isso, desconhecem a essência e riqueza do processo de formação científica , e por sua vez, se tornam Professores Universitários que também não tornam claro isso para os graduandos. Assim, cria-se um ciclo vicioso que faz com que o profissional desconheça por completo o mundo acadêmico-científico.

Por outro lado, em muitas áreas não há outra alternativa para quem quer aprender sobre ciência se não for no mestrado ou doutorado, pois não há cursos e estágios disponíveis para aprender como se constrói o conhecimento em certas áreas de investigação – a não ser que entre num programa de mestrado/doutorado.

Entendo que abrir o laboratório para o estágio de pesquisa é uma atitude importante para o pesquisador e para o profissional que buscam conhecimento, tanto no sentido de despertar o interesse de quem nunca participou de atividades de pesquisa, quanto para ajudar a preparar quem tem a intenção de se tornar um profissional do âmbito da pesquisa científica. Vale destacar que quando falo em construção do conhecimento (âmbito da pesquisa), falo de construir um conhecimento que o ser humano ainda não domina, e não o conhecimento que o aprendiz está construindo no seu interior e que o orientador pode explicar. Não ter clareza sobre o que você profissional ainda não sabe, mas a ciência sabe e aquilo que a ciência ainda não sabe e você se dedica a buscar para desenvolvê-lo é de suma importância em todo esse processo. Aliás, sem ganhar esta clareza (o que já se sabe, mas vc ainda não estudou, e o que a ciência não sabe e você pode investigar), não faz muito sentido se lançar no mestrado/doutorado. Para quem continua lendo este texto e está interessado no processo de pós-graduação veja os aspectos oficiais e depois como eu penso e conduzo a orientação.

O processo oficial para adentrar ao programa de Mestrado da EEFE USP é constituído de:

  • Uma carta de aceite de um orientador da EEFE USP;
  • Ter um projeto de pesquisa;
  • Proficiência em inglês;

Após esses itens, o profissional faz uma PROVA ESCRITA e é também avaliado por entrevista. Para maiores informações sobre esses aspectos formais  para o MESTRADO veja o site da EEFE.

Para o doutorado não há prova escrita, mas é necessário uma publicação – para maiores informações veja o site da EEFE

As questões oficiais são extremamente importantes, pois sem orientador prévio, você não consegue fazer aulas de pós-graduação. E sem a aprovação no inglês, mesmo que com projeto e orientador, você também não pode fazer o processo de seleção. No entanto, antes de pensar nas questões oficiais, peço que se atente para como eu organizo a preparação dos pleiteantes, e assim encorajo-o a leitura do texto abaixo para uma primeira conversa pessoalmente ou via skype.

Tenho vagas ativas para novos alunos de mestrado e doutorado, alguns estão no processo de preparação, mas como em qualquer processo, muitos saem ao longo da preparação. Se tem interesse no pós-graduação ou em um estágio de pesquisa, leia e pense atentamente o texto abaixo. Busco por profissionais que buscam uma formação para entender a ciência e como ela pode auxiliar na construção de conhecimento na área de educação física e esporte. Se ficar confuso, não há problemas, marcamos uma conversa para ajudar a ampliar o entendimento.  

Notas introdutórias: Sobre a preparação

É bastante comum os orientadores de mestrado/doutorado buscarem candidatos já com boa competência para iniciar o projeto de mestrado ou doutorado. Trabalham como selecionadores, em busca dos profissionais “talentosos”. É claro que também atuo assim, no entanto, diria que trabalho de forma “hibrida”, pois também tenho ideia de que pode ser interessante oferecer condições do pleiteante se organizar a partir de um período de preparação para enfrentar o período oficial do Mestrado/Doutorado, com atenção na formação de competências para a lidar com o dia a dia do pós-graduação. Claro que a segunda opção é a valorização de um processo para preparar o candidato a desenvolver as competências para lidar com o processo de mestrado ou doutorado em si do que ficar realizando peneirada. No entanto, isso é uma opção totalmente individual e não há melhor ou pior, apenas mais ou menos adequada as concepções de formação universitária e necessidades de cada orientador. Aparecendo candidatos com competências adequadas, começa-se logo, não aparecendo, opto em oferecer um ambiente de preparação.

Os profissionais iniciam a procura por mestrado/doutorado geralmente pela escolha de uma área de estudo, tema e um orientador. Não necessariamente nesta ordem, mas envolve estes componentes. A escolha de algum destes componentes já se configura num avanço importante. Por outro lado, eu opto em iniciar também considerando a preparação como um dos componentes para adentrar a nova fase de vida. Muitos profissionais pensam que o mestrado/doutorado é a continuidade da vida com mais uma atividade de estudo, mas entendo que isso seja um equívoco para grande parte dos profissionais, pois dificilmente vive-se num ambiente focado na produção do conhecimento científico, e assim a grande maioria não tem ideia das competências para os novos desafios.

A graduação em educação física/esporte geralmente não preparada para o pós-graduação stricto sensu. Com isso, estas notas pretendem alertar para o processo de PREPARAÇÃO – ou seja, chama a atenção para o momento antes da organização do projeto de entrada oficial. A intenção destas considerações está em estabelecer aspectos básicos para que a EXPERIÊNCIA durante o processo oficial seja potencializada, e não apenas suportada. Muitos profissionais adentram ao processo com níveis de competências e sem muita ideia do que é adentrar a área da pesquisa científica e do processo de Mestrado/Doutorado. E com isso, após tomarem contato com esse ambiente iniciam o processo de luto com a ciência, a angustia toma conta, e quando não, iniciam a busca de livramento – sentem a ciência como algo a ser excluído da vida. Espera-se que o pleiteante vivencie o processo de produção do conhecimento de forma não oficial e com mínima pressão para entender o objetivo fundamental ao passar pela formação acadêmica focada na ampliação de visão e ferramentas para lidar com a investigação científica.

Se você ainda não definiu o tema e o que irá estudar no mestrado/doutorado, por mim tudo bem, isso ainda não são tão importantes nesse momento. O importante neste momento inicial é você entender como penso e organizo o processo de preparação para o mestrado/doutorado. O que é a finalidade do mestrado e como deve-se cursá-lo. Com isso, a preparação é um dos aspectos centrais no começo de todo contato com o orientador/supervisor. O único aspecto mais elementar que a preparação é o domínio da língua inglesa, você tem ganhar proficiência para lidar com muita literatura e a prova de idioma estrangeiro – para isso consulte a CPG da EEFEUSP.

O texto abaixo foi escrito para deixar o pleiteante ciente e apto para atuar ativamente ao longo do processo oficial de mestrado e doutorado. Note, o que chamo de preparação não é ponto final do mestrado/doutorado, mas é o começo para a organização do projeto de mestrado/doutorado. Se você entender que é “muita coisa” ou há muitos aspectos desnecessários, pode ser que você não tenha ideia do que é o processo de mestrado/doutorado na minha ótica. E por isso também encorajo-o a conversar com diferentes orientadores. Faça a escolha de acordo com seus princípios. Veja, o que me importa neste momento é deixar claro, como eu, orientador, penso e tento conduzir o processo de orientação dos futuros mestres e doutores. Vale destacar que é esperado que outros orientadores entendam que essas ideias possam ser desperdício de tempo e energia, e que o pleiteante deve ir direto ao projeto. O mesmo vale para você, pois pode ter ideia de que a preparação pode ser mais objetiva e pragmática. E você está correto, pois pensa a partir de si e de amigos e outros profissionais que já tem o mestrado e doutorado, mas a ideia de estar entrando num pós-graduação nível 7 não é ter o aluno com condições de desenvolver o projeto em si, mas de desenvolver a formação de pesquisadores que terão que lidar em diferentes frentes e assuntos e ser referência, liderando a construção do conhecimento, na minha ótica, o projeto é um aspecto necessário para a sua formação, mas não é suficiente. Iniciemos com as condições humanas de relacionamento.

As condições para um bom relacionamento e preparação: Quarteto Fantástico

Quando um profissional marca para conversar com um orientador de pós-graduação, é recorrente que ele entre na sala do orientador e deixe claro que tem a NECESSIDADE do estudo. E assim, muitas vezes pede a ajuda ao orientador. Tenho ressalvas a esta abordagem, pois no Brasil o processo de produção de conhecimento científico é um produto de Orientando e Orientador. Orientador não ajuda orientando, pois o processo precisa ser pensado de forma simbiótica, e orientador e orientando devem colocar-se em seus lugares. Não há favor, não há ajuda. Há colaboração, e isso precisa estar claro. Após estar clara a essência do relacionamento, para que os estudos estejam dentro deste contexto é preciso ter clareza de como se faz um relacionamento no âmbito profissional. Eu sempre brinco com os alunos, nessa hora é preciso chamar o Quarteto Fantástico, que é formado pela Disposição, Disponibilidade, Compromisso e Competência. Uma vez que serão dois profissionais atuando em conjunto durante alguns anos.

e24da077-df8c-486f-990b-588f0596fc6b

Disposição

Diz respeito ao estudante ter interesse num tema de estudo, em que tem disposição de enfrentar diferentes desafios para suprir a sua curiosidade. Há uma diferença entre “ter disposição para aprender” e “ter uma verdade para dispor”. A disposição para buscar desenvolver um conhecimento passa pelo entendimento de que a ciência se coloca mais no sentido de processo do que estabelecer “verdades”, com isso, a disposição está atrelada ao entendimento da linha de pesquisa com sua natureza de métodos para se aproximar de novas hipóteses interpretativas da natureza e enquadramento das implicações para a prática profissional; ou seja, o estudante deve ter disposição para lidar com os diferentes desafios no entendimento de um tema de estudo. Pessoas que tem uma “verdade para dispor” precisam de  editoras, para lançá-las em formato de livros.

Disponibilidade

Diz respeito à questão do tempo, tanto em horas quanto em dedicação, pois como todo processo de aprendizagem é necessário ter disponibilidade ou melhor, “paciência” consigo e com o processo de aprendizagem. Uma vez que são necessárias muitas “horas ou tentativas” para aprender certos temas e técnicas, com isso, não basta dispor de 10 a 20 horas semanais, mas sim, ter paciência e disponibilidade de estudar até entender, ou seja, isso pode levar até 100, 200 ou 500 horas apenas para um tema de estudo. Claro que isto está relacionado ao tema e o nível de estudo: Estágio, Mestrado ou Doutorado. Adentrar a um universo novo – produção de conhecimento científico – não é o mesmo que realizar mais uma tarefa dentre aquelas dominadas. Veja, há uma diferença entre mostrar o que você realiza profissionalmente e aprender como estudar cientificamente uma questão. Um bom consumidor de ciência não garante facilidades no aprender a desenvolver pesquisa. Dada a nossa formação universitária, geralmente somos consumidores muito ruins de ciência, e ao adentrar ao universo da produção do conhecimento, há uma chance grande de termos que desenvolver um trabalho só para nos tornar bons consumidores, e assim vamos precisar muito mais do que alguns horários vagos na agenda de trabalho, já tão exaustiva. Não é desanimar e achar que só quem tem horário totalmente livre é bem vindo, mas é saber que ter disponibilidade é uma questão maior do que livrar a sexta feira de manhã para ir ao laboratório encontrar outros mestrandos.  

Compromisso

Uma vez que o estudante tenha disposição e disponibilidade para enfrentar certo tema de estudo, se faz necessário entender seu COMPROMISSO com a sua aprendizagem. É muito comum, depois de algum tempo estudando certo tema, que o estudante retire todas as metas de aprendizagem e torne-as todas em metas de desempenho, ou seja, ele não quer mais aprender com seu projeto, ele quer executar o que sabe. No entanto, muitas vezes, o que aprendeu e consegue executar não ajuda a responder as questões estabelecidas, e é facilmente tomado pelo impulso de pedir para modificar o projeto. No entanto, ao modificar e notar que “a coisa ficou muito simples”, sofre nova angústia, pois ninguém quer estudar tanto tempo e notar que irá fazer uma nova “vírgula” a questão tão importante. A falta de compromisso com as ações que levarão à aprendizagem leva para o mundo do fazer, e este leva muitas vezes a se sentir muito aquém do que inicialmente planejou. É típico nesta fase o estudante sumir, e não enviar e-mail, texto ou notícias ao seu orientador. Isso também pode levar o orientador à frustração, pois o estudante deixa de aprender, e a pesquisa (caminhada) deixa de ser adequada. É importante observar que o compromisso não é com o orientador, mas sim com seu processo de aprendizagem – o que muitas vezes transforma o Doutorado num processo de Mestrado, o Mestrado em Iniciação Científica, e a Iniciação Científica num mero trabalho de graduação.

Competência

O último aspecto do quarteto fantástico está relacionado a forma de lidar com ações típicas do mundo da produção do conhecimento, se você quer desenvolver conhecimento num alto nível, a competência será um fator importante, e às vezes, se ela for muito baixa, até impede você de perceber a natureza do mundo da ciência. Muitos estudantes nunca desenvolveram suas ações no âmbito da leitura, pensamento e escrita num certo nível de habilidade que permitissem terem conforto e ritmo no estudo diário. O que significa que depreendem muito tempo nos meios ou apenas fogem da aprendizagem, e isso pode tornar o processo de pós-graduação muito árduo. Quero indicar que não basta saber ler, pensar e escrever: é preciso certo nível de competência nestas ações, que serão fundamentais na vida do pós-graduando. Com isso, sempre lembro os estudantes do seguinte ditado: para cortar uma árvore de forma rápida, gaste o dobro do tempo afiando o machado. E assim, para fazer Mestrado ou Doutorado no tempo sonhado, gaste o dobro do tempo afiando suas habilidades, para ter a competência necessária ao longo do processo. Para uma vida mais sustentável na pós-graduação, indico que o estudante desenvolva competência nas habilidades:

  • Buscar material científico: programas de organização e descritores;
  • Fichar o texto científico e filosófico: entender o texto científico/filosófico é bem diferente de lidar com o texto narrativo literário;
  • Argumentação – a matéria prima do pesquisador; identificar o tipo de argumento e o seu grau de fragilidade;
  • Oratória – clara e direta;  lembre-se a comunicação é importante, mas não é mais que o raciocínio.
  • Pensamento: Percepção, Associação e Dedução;
  • Escrever – pontos de vista; teses; artigos científicos originais e de divulgação;
  • Análise Estatística e Programação;
  • Domínio de Instrumentos de coletas de dados – modificar e criar;
  • Técnicas de análise das pesquisas do LACOM.

Para cada uma destas competências, sugiro algumas referências para ajudar na preparação. Se quiser ter uma ideia da sua competência, veja se ao realizar uma destas ações, você fica “amarrado” na execução em si, ou se a execução é realizada num nível “automatizado”. Claro que o estudante pode ter suas habilidades desenvolvidas a partir da suas próprias experiências e referências. Não é nada rígido, desde que o estudante tenha competência nestas habilidades para o seu nível de estudo. O que é demasiadamente empobrecedor é o aluno buscar desenvolver essas características no meio do processo oficial, quando há muito o que fazer para desenvolver sua dissertação ou tese – geralmente não ocorre o desenvolvimento destas ações, e o orientador é quem socorre o aluno, muitas vezes realizando por ele várias ações. E eu os entendo, ou fazem por seus alunos, ou todo o processo precisará ser desconsiderado, aluno e projeto.

A importância de ler, escrever, argumentar, apresentar o seu trabalho num certo nível de competência é porque são ações diárias na vida de um mestrando/doutorando. Assim, se ler e interpretar um texto levar toda a sua energia por dias, a continuidade dos trabalhos fica presa a falta de competência nesse domínio, o que pode tornar todo o processo inviável. Uma vez tive um aluno de mestrado que levava de 8 a 10 semanas para ler e interpretar um texto em inglês. Entendo que cada um tem um tempo para assimilhar determinados conteúdos, mas nessa velocidade como ele iria lidar com os 4 a 5 textos semanais que as disciplinas apresentavam como leitura obrigatória? E nem preciso dizer que ele também não conseguiu ler o que era necessário para fazer sua discussão num nível adequado ao de mestrado. Por outro lado, tive um aluno que de um dia para o outro dizia que já tinha entendido o texto, mas na primeira conversa, dizia que iria voltar a ler, pois não tinha pensando nisso e naquilo, não tinha percebido tao interpretação. O que demonstrava que ele tinha a leitura num nível interpretativo ainda muito baixo, veja, não era apenas o conteúdo se desconhecido, mas como realiza a leitura que não permitia a ele interagir no universo do pós-graduação. Por isso, a ideia de alertar e auxiliar a adquirir essas competências num nível compatível com o processo de mestrado/doutorado.    


Conhecendo o mundo da produção do conhecimento: desenvolvendo projetos como meio de se preparar 

Muitos profissionais tiveram uma graduação bastante desvinculada do mundo da pesquisa científica como processo, ou seja, pouco souberam como ocorre a construção do conhecimento científico, pois mesmo estudando em Universidades, muitos apenas tiveram acesso ao conhecimento de sala de aula, que por vezes foi fundamentalmente apresentado a partir de livros didáticos com enfase em conhecimentos consagrados na área, ou então, apenas a partir da experiência prática profissional do professor. De forma geral, dado diferentes tipos de formação, a descoberta científica foi apresentada como um produto. São bem raros os alunos que tiveram uma iniciação científica que apresentou a beleza da ciência como método e forma de entender o mundo e construir o conhecimento científico. Com isso, é muito comum o profissional não ter muita ideia do que vem a ser o mestrado e doutorado, e por vezes, acredita que é uma especialização (lato sensu) mais alargada, ou seja, um momento de didático de aprender “às últimas da ciência”. Na Especialização, como é continuidade da graduação, a ênfase geralmente é atualizar e especializar um campo do conhecimento, mas geralmente a ênfase recaí na mesma da graduação, apenas trabalha-se com o conhecimento de forma pronta e não se adentra ao conhecimento de como a produção científica ocorre.

Dado o cenário descrito acima, entendo que é importante no começo o pleiteante a mestrado ou doutorado ter acesso a todo o processo de produção de conhecimento, sem ser o responsável pela condução de cada etapa. Ele deve passar pelas etapas, com isso, pode ter ideia do todo ao mesmo tempo que percebe a necessidade das competências descritas acima em cada fase. Com isso, elaborei uma estratégia de preparação do profissional para pleitear o mestrado e doutorado em 4 projetos. O tempo para execução de cada projeto é individual, vai depender muito fortemente do sujeito. Se tiver que indicar um tempo, diria que no mínimo, tendo muitas competências avançadas, leva-se de 6 a 12 meses para desenvolver o projeto 1 ao 4, e assim, estar apto a concorrer a vaga na pós-graduação da EEFE sob a minha orientação. A partir do projeto 1 o pleiteante já recebe permissão para usar os computadores do LACOM e retirar livros da biblioteca, assim como obtém condições de usar as bases de artigos da USP – a partir dos computadores internos.

apresentacao1

O Projeto 1 tem o objetivo de exemplificar ao pleiteante todas as etapas do processo de construção do conhecimento. As competências são apenas analisadas pelo orientador, e a temática é discutida no nível do pleiteante.

O Projeto 2 tem a finalidade de o orientador indicar onde estão as limitações e dificuldades do pleiteante quanto as competências e estabelecer estratégias para melhorar a formação básica do pleiteante. Também tem o objetivo de estabelecer a problemática de pesquisa num nível que seja de interesse da comunidade científica.

O Projeto 3 tem a finalidade do pleiteante buscar estabelecer a problemática e objetivos de forma mais pessoal considerando as questões e métodos aceitos pela comunidade científica internacional, ou seja, enquanto os projetos 1 e 2 tinham seus objetivos definidos pelo orientador mais atrelados ao nível do pleiteante, no Projeto 3 o pleiteante é quem estabelece seu objetivo de estudo – ainda dentro das áreas de estudo definido pelo orientador e situando seu objeto de estudo a partir da pesquisa internacional. Ao final deste projeto o pleiteante irá submeter o resumo para um congresso, e caso os resultados sejam interessantes e consistentes pode-se pensar numa publicação – sendo a responsabilidade pela condução da publicação do orientador, e o pleiteante acompanha todo o processo de construção.

O Projeto 4 é o projeto que será apresentado para a candidatura do Mestrado/Doutorado.  E será realizado ao longo dos anos na pós-graduação.

Detalhamento dos Projetos 1 a 4

PROJETO 1. Conhecendo as etapas do processo de construção do conhecimento

  • O pleiteante passará por todas as etapas da produção do conhecimento;
  • O Orientador estrutura o tema e desenho de pesquisa;
  • O tempo de realização é bastante breve – espera-se que no máximo 2 meses;
  • Os temas de estudo podem serão um desses: 
    1. Dificuldades na Maestria: analise dos componentes da Habilidade
    2. Maestria: relacionamento entre Habilidades Motoras
    3. Taxas de ocorrência de Maestria – 1 ou mais habilidade
    4. Taxas de ocorrência do domínio do componente – Intra-Tarefa
    5. Restrições e o desenvolvimento das Habilidades Motoras Básica, podendo investigar alguma das restrições abaixo:
      1. Nível de Atividade física
      2. Obesidade: IMC
      3. Coordenação Motora Global
      4. Aptidão física
      5. Competência Motora Percebida
    6. Comportamento Motor Aquático: identificando as habilidades motoras básicas aquáticas;
  • No projeto 1, não recomendo a experimentação da linha de intervenção, uma vez que parto da ideia de que se deve “Conhecer” para “intervir”, assim, faz-se necessário conhecer o “desenvolvimento motor” para pensar a sua “intervenção”.
  • O pleiteante define a data final para fechar o projeto 1 (p.exe. dois meses), e o orientador negocia as datas intermediárias e os objetivos parciais – descritos abaixo. Se o Pleiteante não consegue realizar os objetivos parciais, o orientador realiza-os para poder continuar com todo o processo. Claro que o pleiteante precisa cumprir pelo menos o objetivo 1 e 2.
  • O pleiteante após realizar formação técnica no Lacom, passa a auxiliar na coleta de dados do estudo Pinheiros por pelo menos 1 período por semana (manhã ou tarde).
  • A elaboração das atividades de Fundamentação Teórica e Técnica podem ser realizadas em conjunto.
  • O orientador busca com esse projeto conhecer as competências do pleiteante (para obter material de suporte o pleiteante pode recorrer as sugestões de leitura para cada competência necessária – apresentada logo abaixo nesta página.
  • O Projeto 1 termina com a apresentação dos resultados para o público do laboratório;
  • O orientador entrega um relatório com a avaliação de todo o processo e orientações para o Projeto 2

Objetivos que compõe o Projeto 1

OBJETIVO 1 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: Geral e Específica ao problema de pesquisa

Aqui espera-se que o pleiteante adquira a ideia básica dos fundamentos teóricos que delimitam a área de desenvolvimento motor e o estudo das habilidades motoras básicas. Para isto é sugerido dois textos que servem de suporte para desenvolver uma leitura adequada dos textos teóricos. Com isso, espera-se que o pleiteante estude os textos de suporte e depois realize fichamentos e resenha dos 6 textos teóricos. Na frente de cada texto há indicação do que se espera que o pleiteante realize.

  • Textos de Suporte – Para desenvolver a competência de Leitura e interpretação do texto teórico, sugiro:
    • Como realizar Fichamento – Severino – Cap. 3 – Clique aqui
    • Como Fazer Resenha – Medeiros  – Clique aqui
  • Textos de fundamentação teórica – Desenvolvimento Motor
    1. Fichamento (de acordo com Severino) do Texto 1 – Cap. 1 – Clique aqui
    2. Fichamento (de acordo com Severino) do Texto 2 – Cap. 2 – Clique aqui
    3. Fichamento (Severino) e Resenha (Medeiros) do Texto 3  – Clique Aqui
    4. Fichamento (Severino) e Resenha (Medeiros) do Texto 4 – Clique Aqui
    5. Fichamento (Severino) e Resenha do Texto Específico 1 – depende da escolha do seu tema – converse com o Professor para ele selecionar o melhor texto.
    6. Fichamento (Severino) e Resenha do Texto Específico 2 – depende da escolha do seu tema – converse com o Professor para ele selecionar o melhor texto.

Após terminar cada fichamento e/ou resenha envie-o para o professor via formulário – por aqui

OBJETIVO 2 – FUNDAMENTAÇÃO TÉCNICA: Observação sistematizada 

A ideia é que o pleiteante passe pelo processo de formação inicial sobre a avaliação das habilidades motoras básicas – com isso há um conjunto de vídeos com o material explicativo e formulário. Após realizar esta ação, o aluno receberá um documento apresentando feedback da sua análise. Após obter um desempenho satisfatório, passará a realizar a prova, e caso tire valor acima de 85, passa a realizar a análise dos vídeos que compõe o seu estudo. Caso, não consiga obter nota mínima ou terminar a análise dos vídeos no tempo estipulado, passará para a próxima fase com dados já analisados pelo professor.

  • Treino da habilidade motora escolhida – Clique aqui para treinar o Arremessar – em breve também o nadar
  • Prova da habilidade motora escolhida – marcar o dia com o Professor
  • Análise de 100 crianças – habilidade escolhida – Apenas com nota mínima de 85
  • Participação no Estudo Pinheiros- 1 período por semana; A partir de fevereiro serão agendadas as tardes e treinamento.

OBJETIVO 3 – ELABORAÇÃO DO RELATÓRIO

Após concluir os Objetivos 1 e 2 o pleiteante passa a redigir um relatório com os tópicos 1 e 2. Após isso, realizará em conjunto com o professor o tópico 3 e passará a redigir os tópicos 4 a 7.

  1. Escrever a introdução – problemática e introdução
  2. Descrever o método
  3. Tratamento dos Dados – Descritivo e Inferencial
  4. Elaboração da descrição dos dados: Gráficos e Escrita
  5. Interpretação dos Resultados
  6. Elaboração da discussão e Conclusão
  7. Redação Final do Relatório

OBJETIVO 4 – APRESENTAÇÃO

Após terminado o objetivo 3 o pleiteante irá elaborar uma apresentação e marcará uma data para realizar a sua apresentação aos profissionais envolvidos na preparação e o professor.

  • Elaboração da Apresentação
  • Apresentação no Laboratório

Em breve apresento a descrição do Projeto 2, 3 e 4. 


SUGESTÕES PARA DESENVOLVIMENTO DAS COMPETÊNCIA


Busca de informação: Utilização dos buscadores/Base de dados

Leitura e Fichamento

  • SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. Editora Cortez, 23a Edição, 2007. Capítulo 3. clique aqui

Apresentação das ideias e desenvolvimento da redação científica

  • Organizando e Elaborando Ideias e o Raciocínio
    • Instrumento para organizar as ideias: Mapas conceituais via MindMeister  – youtube acessar
    • Como organizando as ideias: Serafini, M.T. Como escrever textos (3a edição), São Paulo: Globo, 1989. Capítulo 3
    • Diferenças entre Tese e Pontos de Vista: Serafini,  M.T. Como escrever textos. (3a edição), São Paulo: Globo, 1989. Capítulo 3 – pág. 43 a 46.
  • A escrita científica – Redação Científica
    • Curso do Prof. Volpato – acessar
    • Volpato, G. L. Guia Prático Para Redação Científica – Botucatu: Best Writing, 2015.
    • Escrita Científica: Produção de artigos de alto impacto, USP, Valtencir Zucolotto – acessar
    • Freitas, M.E. Viver a tese é preciso! In. L. Bianchetti, A.M.N. Machado (Org.). bússola do escrever: desafios e estratégias na orientação de teses e dissertações. Florianópolis: Editora da UFSC; São Paulo: Cortez, 2002, (pp.2015-226).

Oratória

Argumentação

  • A natureza dos argumentos Univers. Oxford – Marianne Talbot – Veduca acessar
  • ABREU, Antônio Suárez. A arte de argumentar – Gerenciando Razão e Emoção. Editora Ateliê, 13ª Edição de 2009.
  • SCHOPENHAUER, A. (1997). Como vencer um debate sem precisar ter razão: em 38 estretagemas (Dialética Eristica), Topbooks.
  • WESTON, Anthony. A Construção do argumento. Martinsfontes. São Paulo, 2009.

Pensar

  • Ide, P. (2000). A arte de pensar. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes.
  • Larrauri, M. (2012). A Liberdade Segundo Hanah Arendt. Filosofia para Leigos. Ciranda Cultural: São Paulo. 

Programas para tratamento de dados 

  • Excel – várias funcionalidades – acesse aqui
  • Programação para tratamento dos dados
  • Site com diferentes programas para auxiliar o pesquisador

Estatística

  • Field, A. Descobrindo a estatística usando o SPSS, 2ª ed., Porto Alegre: Artmed, 2009. Cap. 1 – acessar
  • Thomas, J. R. and J. K. Nelson (2002). Métodos de pesquisa em atividade física. Porto Alegre, Artmed. – Capítulo 1 (acesse aqui) ou o livro todo no Google Book Acesse aqui.

Domínio de Instrumentos

Técnica de Analise do movimento 

  • Análise de movimento
    • Análise Qualitativa: Knudson, D.V. Qualitative Diagnosis of Human Movement: Improving Performance in Sport and Exercise. 3 ed, Human Kinetics, 2013. 
  • HMB